sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Ubi est "ego"...?...


Na minha opinião, não existe tal coisa como “Psicologia”... nem como ciência, nem como denominação qualitativa de carácter. Muito menos sentido faz o seu exercício...

Filosofia é a absorção imparcial do universo circundante. Podemos dividir a Filosofia em duas vertentes, digamos assim, dicotómicamente relacionadas: a Auto Filosofia e a Alter Filosofia. Na medida em que esta matemática do pensamento é o motor do comportamento humano e, portanto, da actividade mental, será impossível desagregá-la da Psicologia. A Psicologia é a Omni Filosofia, é a Filosofia de cada indivíduo, aplicada a si mesmo, aplicada aos que o rodeiam.
Esta questão forçadamente dicotómica, de Filosofia vs. Psicologia... remete-nos imediatamente para a problemática envolta no reconhecimento de nós próprios, como indivíduos singulares, como indivíduos globais... A eterna busca do “eu”, a eterna busca do reconhecimento do “eu” ( JANELA JOHARI: eu cego, eu desconhecido, eu aberto, eu secreto ), são problemáticas constantes que nos remetem automáticamente para a corrente Existencialista, na qual inclusivamente se destaca Jean-Paul Sartre quem já citei em prévios apontamentos, a propósito do desenvolvimento cognitivo do ser humano. O ser humano é individual, com desenvolvimento cognitivo personificado... simplesmente não faz sentido algum, a existência de uma ciência alternativa à Filosofia, denominada Psicologia, cujo objectivo é tentar compreender a mente humana e tentar curá-la... A Psicologia é a Filosofia Capitalista, é a venda da Auto Filosofia, é a Ditadura da Alter Filosofia. A Psicologia existe como ciência, para tornar o Ser prisioneiro de si mesmo.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

A lei do mais forte


Uma mensagem subliminar é uma mensagem que está implícita, e não explícita em tudo o que nos rodeia. Um exemplo muito evidente encontra-se na publicidade, em toda a publicidade há uma mensagem subliminar, bastante óbvia até. A publicidade será, talvez, o exemplo mais flagrante das mensagens subliminares. Apesar de não a vermos escrita, ela encontra-se lá, no seu contexto – e por vezes até fora dele - , implícita, onde só o nosso subconsciente a absorve.
Na minha opinião, uma pessoa é uma mensagem subliminar, na medida em que transmite imensas mensagens não explícitas, acabando por controlar a mente dos que a rodeiam, acabando por controlar o modo como agem consigo, como olham pra si, etc. Todo o nosso comportamento para com alguém, é codificado, é repleto de mensagens não explícitas, implícitas – ou não -, mensagens corporais, principalmente, entrelinhas verbais , etc... Esta teoria, vai muito de encontro à teoria de Jean Piaget no que diz respeito aos 3 estádios de desenvolvimento cognitivo de todo o ser humano ( Acomulação, Adaptação e Acomodação ); segundo Piaget, um indivíduo, quando nasce, é como uma tábua rasa e ao longo da sua vida vai absorvendo tudo o que o rodeia - valores, regras, mensagens, hábitos, crenças, etc – até que se acomoda à sociedade em que está inserido e a tudo o que ela implica. É-nos impossibilitada a genuinidade absoluta, sequer parcial.
Como fruto subliminar, subliminares não poderíamos deixar de ser.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

PULP FICTION - Crítica


Antes de iniciar esta crítica, propriamente dita, há que salientar uma outra obra - prima de Tarantino, comparando-a com o Pulp Fiction ( o filme "alvo" ): "Cães de Aluguer", filme de estreia de Tarantino, é um filme recheado de muita acção misturada com humor negro, condimentando uma história contada de uma forma totalmente não - linear. A diferença entre a estrutura de "Cães de Aluguer" e a de "Pulp Fiction" é que, no primeiro existe um Presente que nos vai guiando pelos flashbacks dados pelo filme, dando uma certa estruturação linear à história; Em "Pulp Fiction", Tarantino conta a história de forma absolutamente não - linear, sem fio condutor, sem um tempo definido que nos sirva de base, o que, no entanto, não faz com que nos percamos na história.
"Pulp Fiction" é uma narrativa fragmentada extremamente original. É um emaranhado de histórias e de personagens completamente distintas, aplicadas num conjunto de montagens e de planos, formando assim uma estética / estrutura geral absolutamente perfeita. "Pulp Fiction" é um filme de ritmo rápido, com imensos plots e sub-plots, o que lhe confere uma dinâmica, para além da rapidez, e uma riqueza únicas. Toda a estética de montagem serve de esqueleto a, não uma, mas a três histórias com a temática do submundo do crime, onde todas elas possuem personagens em comum ( personagens - tipo ). Após uma pequena introdução, onde um jovem casal de assaltantes conversa tranquilamente sobre assaltos, num restaurante ( recurso à Analepse, pois o filme termina com esta mesma cena, concluindo-a ), Tarantino começa então a narrar a sua primeira história: Vincent Vega ( John Travolta ) deve levar a esposa do Chefe ( "Marcellus Wallace" ), Mia Wallace ( Uma Thurman ) a jantar fora e diverti-la / entretê-la, enquanto Mr. Wallace se ausenta numa viagem de negócios à Florida. A segunda história ( já em forma não - cronológica ) fala de um boxeur, Butch ( Bruce Willis ), que já é considerado velho para o exercício da sua profissão e que recebe uma quantia em dinheiro, de Marcellus, para perder o combate. A terceira história tem como foco principal, a personagem Jules Winnfield ( Samuel L. Jackson ), com Travolta como coadjuvante, que devem limpar o carro, após um assassinato extremamente violento, apesar de acidental, no banco traseiro.
"Pulp Fiction" é um filme, que à primeira vista parece não ter qualquer nexo, e cujo realizador parece ser completamente louco; o facto de esta última característica ser absolutamente verdadeira, é o que dá a "Pulp Fiction" o seu carácter único e irrepetível, uma verdadeira obra-prima.
Um outro aspecto que há a salientar em "Pulp Fiction" é o modo como Tarantino fala sobre assuntos extremamente delicados, tão peculiarmente. Os diálogos são fortes e extremamente bem construídos, maior parte das vezes apresentando um humor negro sobre diversas situações que não deveriam ser engraçadas; e a naturalidade com que as drogas e a violência são tratadas no quotidiano das personagens. E como as histórias parecem estar desconectadas umas das outras, tudo parece uma confusão generalizada, acabamos por encontrar o cerne da definição "Pulp", dada no início do filme, dando-lhe, nós, um sentido automático no contexto principal do filme.
Após um promissor início de carreira, Travolta estava em pleno esquecimento quando recebeu o convite para participar no "Pulp Fiction". Tarantino escreveu uma sequência inteira só para Travolta, logicamente a que ele dança no bar com a personagem de Uma Thurman, o célebre Twist Contest; nos momentos de tensão, como a cena do w.c. na casa de Butch; ou então na cena final da história de Jules Winnfield; Travolta está perfeito: o seu olhar, a maneira de falar, a maneira de andar, etc, terá sido, muito provavelmente, o papel mais bem interpretado da vida de John Travolta.
Samuel L. Jackson protagonizou "Pulp Fiction" e "Jackie Brown", e em ambos o actor está excelente. Embora os papéis sejam diferentes, a diferença da frieza de Jules Winnfield e a malandragem do traficante de armas de Ordell Robbie, só é perceptível devido ao trabalho notável do actor. O cabelo e o bigode que Samuel L. Jackson usa em "Pulp Fiction", imortalizaram a sua imagem. Nas cenas de tensão, Jackson consegue impor um ar que não permite ao espectador desviar a sua atenção até ao final da cena, principalmente quando começa a recitar a passagem da Bíblia de Ezequiel - 25:17, que fala sobre vingança.
Bruce Willis não tem um papel muito diferente do que estamos habituados a ver: duro, violento, etc. No entanto, as situações impostas por Tarantino fazem com que Bruce Willis faça a melhor interpretação da sua carreira. É impossível esquecer a sua fuga no táxi ( o background desta cena está, simplesmente, espetacular ), o modo como trata o relógio herdado do pai ( e toda a história do relógio, até chegar às suas mãos ), o momento na loja em que ele vai largando uma arma após ver outra melhor e mais mortífera com um olhar esgazeado, etc.
Uma Thurman divide com Travolta a importância da primeira história, sendo uma coadjuvante de luxo. Encarna com um charme magistral Mia Wallace, a esposa do Chefe de Travolta. O modo como a actriz interpreta o uso de drogas é fantástico, principalmente na parte final da sua história, quando desencadeia aquela situação dificílima para Vincent Vega; a sua interpretação nessa parte da história ( toda a viagem de Vincent Vega até casa do seu fornecedor de droga, para que este administre uma injecção de Adrenalina a Mia ) é marcante, captando a mais absoluta atenção do espectador. Quentin Tarantino, como de costume em todos os seus filmes, faz de Jimmie em "Pulp Fiction", o homem que cede a sua casa e alguns haveres para que Travolta e Jackson limpem o carro na terceira história. Quentin estava indeciso entre fazer de Jimmie, o dono da casa, ou de traficante a quem o Vincent comprava a droga; decidiu-se por Jimmie, não pela facilidade de interpretação, mas sim por querer estar atrás das câmaras aquando da cena da overdose de Mia Wallace ( cena esta, que é chocante e que consegue alcançar todas as suas pretensões - brilhante ). Além do já supracitado método de montagem que usou no filme, tem um controle total dos actores e dos espectadores durante o filme inteiro. Escolheu por várias vezes planos longos, sem cansarem o espectador ou sem deixarem que este perca o interesse pela cena, devido ao texto extremamente bem escrito; um exemplo disso verifica-se logo no início do filme, quando Vincent e Jules vão fazer um serviço a Mr. Wallace e vêem que estão adiantados na hora, pontuais que são - nesse momento passam-se mais de dois minutos com os dois conversando sobre maldades, ou então acerca de uma lendária massagem que se diz ter feito com que Mr. Wallace mandasse um homem pela janela. Tarantino também utiliza ângulos de câmara pouco convencionais que resultam na perfeição, em vez de deixarem o espectador incomodado com a cena.
A não esquecer está a Banda Sonora de "Pulp Fiction", que para além de ter imortalizado o filme, imortalizou as músicas em si, que talvez ao serem ouvidas noutro filme qualquer, hoje em dia não trariam qualquer relevância ao ouvinte. Temas como "Girl, You'll be a Woman Soon", "Dark Night", "Jungle Boogie", "Comanche", "Flowers on the Wall", "Stay Together", "Surf Rider", "Lonesome Town", "Son of a Preacher Man", entre muitas outras, deram um dinamismo autêntico a "Pulp Fiction", dando verdadeiramente vida e sentido a cada cena, sendo muito mais do que um complemento cinematográfico.

"Pulp Fiction" é uma obra genial, a prova de que Quentin Tarantino nasceu para revolucionar o cinema independente americano. "Pulp Fiction" é, sem dúvida, o melhor filme de todos os tempos.

domingo, 28 de outubro de 2007

A Anatomia da Vida


“Só existe um destino, nenhum caminho. Aquilo a que chamamos caminho é hesitação.” ( K., Franz; “Parábolas e Fragmentos” )

É-nos permitido deduzir, então, que não há tal coisa como o Destino; o nosso Destino, ou seja, o nosso futuro, é construído por nós, segundo os nossos valores, crenças, hábitos, segundo a nossa personalidade. E, assim como a nossa personalidade, o nosso Eu, não é algo premeditável, é inconsciente, involuntário, que incorre instantaneamente, não é algo programável; logo, quando olhamos para determinado conjunto de opções ( “caminhos” ), paramos, olhamos, e finalmente decidimos... estaremos, então, a hesitar.

Hesitação é falta de personalidade.

sábado, 29 de setembro de 2007

Pleonasmo: Condição Humana ?!


Até que ponto se justificará o uso de um Pleonasmo ( seja em poesia, seja em prosa, seja em diálogo ) ? Será a redundância uma condição discursiva do ser humano? Será o ser humano, em si, uma redundância? Será a existência humana, não só em termos discursivos, redundante? Diariamente, vemo-nos perante redundâncias visuais, orais, sensitivas, psicológicas. Estando o Dejà vu e a Repetição tão impregnados na vida do ser humano, será que nós próprios somos O Pleonasmo? E seremos, então, o Pleonasmo de quê? …

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Desencontros fortuitos...


Porque será que apenas os tormentos servem de tema a dissertações? Bem, a resposta óbvia é “ Sim, porque são tormentos, a própria palavra diz tudo…” Bem, no entanto, não há explicação consciente para o facto de todas as nossas quietações não o serem; apenas o facto de servirem de apaziguo ao nosso espírito… talvez seja por isso, porque nos apaziguam, deixando-nos, assim, num estado de plenitude espiritual, preenchendo-nos, então, o espírito apenas com uma leveza transparente.
De qualquer modo, a questão mantém-se… porque será que apenas os tormentos servem de tema a dissertações? Ainda não encontrei a resposta “não óbvia”…

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Pétala cardíaca...


"Continuava a deixar-me um pouco nervosa…
Tudo isto me perturbava…
A sua mão movia-se, mas tão ao de leve quer era hipnótico…
Não me comportava assim com mais ninguém…
Mas foi preciso esperar por aquela noite, para perceber por que razão sempre me escondera…
Perguntei-lhe se havia alguma coisa de especial de que me quisesse falar…
Libertei a minha mão… Mas eu deixei-o fazer dessa maneira…
No espaço de uma breve conversa, todas as minhas certezas tinham desaparecido. Não havia lugar para a duplicidade…

Há-de esquecer…
… Achas que me vais esquecer?...
A saliva escorria. Desceu devagarinho e culpou-se a si mesma…
Estava á beira do delírio puro…

…Conta-me coisas…"

Anulação discursiva


Observo o mundo à minha volta, tudo se move ( slowmotion )… eu, como que protegida por uma bolha intemporal, observo toda a vida circundante, intocável. Sentimento de exclusividade? Sentimento de vácuo, sou um átomo que flutua pelo universo, intocável, imutável, incompreensível – no entanto, indissociável - … invisível.
Existem alguns como eu, mas apesar de me conseguirem ver, esses, não me permitem to approach … não compreendo esta forma de anulação… não compreendo como pode um átomo, tão complementar ao universo, ser assim tão… bruscamente envolvido num vácuo.

domingo, 9 de setembro de 2007

Amizade obscura...


Há amigos que não se escolhem, nem com os olhos, nem com o dedo indicador, nem com a cabeça, nem sequer com o coração... o ser humano tem demasiadas lacunas para elaborar escolhas de forma tão comum, tão evidente, tão linear, superficial...
Afinal, do que trata a amizade? Em que consiste? Quais os seus pontos fracos? Tem pontos fracos? Está dependente de quê?
Penso em todas as pessoas que me rodeiam e vejo que há algumas com as quais eu me dou melhor, mas que nem por isso eu considero meus grandes amigos; não por me elogiarem, por não me chatearem, por não me darem um "não", ou dois, ou três... simplesmente, dou-me melhor com essas pessoas do que com aqueles que eu considero meus grandes, grandes, amigos.
E como é que eu fiz esta selecção, dos grandes, grandes, amigos? Na minha opinião, assim como toda a nossa obra é inacta, as amizades também o são, visto serem nossa obra, visto fazerem parte da nossa vida. Ou seja, não existe processo de selecção consciente, racional. Como tal, as grandes, grandes, amizades criam-se e mantêm-se segundo uma base extremamente genuína, daí o facto de haver muitas mais desavenças com aqueles que eu considero meus grandes, grandes, amigos... porque somos absolutamente genuínos uns com os outros, damo-nos a nossa exclusividade, singularidade... e é isso que, por vezes, nos pode levar à destruição... o facto de nos darmos em pleno, poderemos acabar por perder a nossa identidade, a nossa individualidade.
Os amigos genuínos são difíceis de distinguir ( a escolha é automática e inconsciente, fazêmo-la muito antes de nos apercebermos disso ), sendo que quando há divergência, não sobra espaço para dúvidas...

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Heranças perigosas


Em certos casos, é um perigo munir uma criança de boa educação, de inteligência, de personalidade vincada... ao crescer, todas estas características induzidas parentalmente, vão ganhando proporções astronómicas... até que, a certo dia, tudo isso se pode virar contra "os mestres"... quando a sageza acomulada e transformada se torna maior do que a sageza incutida. O aluno torna-se superior ao seu mestre, e este poderá tornar-se um ser minúsculo, amedrontado, como um cão ferido... boa educação e inteligência são duas características explosivas, que podem despoletar uma guerra... benéfica, ou maléfica, dependendo da índole de cada portador.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

O vácuo do desespero...


De facto, não há dúvida de que, realmente, não há necessidade absolutamente nenhuma de desesperar por algo... esta é apenas uma forma extravagante de libertar a mente de tudo o que está a mais... e tudo o que é extravagante é um luxo, não uma necessidade. Portanto, não sendo necessidade, não representa problema...

Improviso vs. Espontaneidade


Nada é improvisado, sendo que tudo sim é espontaneo. Dicotómicamente, o improviso é o nosso raciocínio mais convictamente elaborado.
Mesmo o nosso mais espontaneamente desabafado "Ai..." obedece a uma enorme cadeia de pensamentos, factos, causas, efeitos... raciocínio. Como será possível então, falar em improviso?! Se tudo o que vemos, da forma como vemos, tudo o que cheiramos, da forma como cheiramos, tudo o que tocamos, da forma como tocamos, é resultado de uma série de fases de desenvolvimento cognitivo, designadas de "Assimilação, Adaptação, Acomodação"?!
O que será improvisado, então?! O desconhecido, numa lógica de input. O nosso output será sempre inconscientemente elaborado, numa teia de raciocínio por vezes tão vaga, tão desfocada, mas mesmo assim... espontaneamente divulgado.
Porque há pensamentos de ouro, que nunca revelamos ao mundo... pelo menos em forma de improviso...