sábado, 29 de setembro de 2007

Pleonasmo: Condição Humana ?!


Até que ponto se justificará o uso de um Pleonasmo ( seja em poesia, seja em prosa, seja em diálogo ) ? Será a redundância uma condição discursiva do ser humano? Será o ser humano, em si, uma redundância? Será a existência humana, não só em termos discursivos, redundante? Diariamente, vemo-nos perante redundâncias visuais, orais, sensitivas, psicológicas. Estando o Dejà vu e a Repetição tão impregnados na vida do ser humano, será que nós próprios somos O Pleonasmo? E seremos, então, o Pleonasmo de quê? …

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Desencontros fortuitos...


Porque será que apenas os tormentos servem de tema a dissertações? Bem, a resposta óbvia é “ Sim, porque são tormentos, a própria palavra diz tudo…” Bem, no entanto, não há explicação consciente para o facto de todas as nossas quietações não o serem; apenas o facto de servirem de apaziguo ao nosso espírito… talvez seja por isso, porque nos apaziguam, deixando-nos, assim, num estado de plenitude espiritual, preenchendo-nos, então, o espírito apenas com uma leveza transparente.
De qualquer modo, a questão mantém-se… porque será que apenas os tormentos servem de tema a dissertações? Ainda não encontrei a resposta “não óbvia”…

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Pétala cardíaca...


"Continuava a deixar-me um pouco nervosa…
Tudo isto me perturbava…
A sua mão movia-se, mas tão ao de leve quer era hipnótico…
Não me comportava assim com mais ninguém…
Mas foi preciso esperar por aquela noite, para perceber por que razão sempre me escondera…
Perguntei-lhe se havia alguma coisa de especial de que me quisesse falar…
Libertei a minha mão… Mas eu deixei-o fazer dessa maneira…
No espaço de uma breve conversa, todas as minhas certezas tinham desaparecido. Não havia lugar para a duplicidade…

Há-de esquecer…
… Achas que me vais esquecer?...
A saliva escorria. Desceu devagarinho e culpou-se a si mesma…
Estava á beira do delírio puro…

…Conta-me coisas…"

Anulação discursiva


Observo o mundo à minha volta, tudo se move ( slowmotion )… eu, como que protegida por uma bolha intemporal, observo toda a vida circundante, intocável. Sentimento de exclusividade? Sentimento de vácuo, sou um átomo que flutua pelo universo, intocável, imutável, incompreensível – no entanto, indissociável - … invisível.
Existem alguns como eu, mas apesar de me conseguirem ver, esses, não me permitem to approach … não compreendo esta forma de anulação… não compreendo como pode um átomo, tão complementar ao universo, ser assim tão… bruscamente envolvido num vácuo.

domingo, 9 de setembro de 2007

Amizade obscura...


Há amigos que não se escolhem, nem com os olhos, nem com o dedo indicador, nem com a cabeça, nem sequer com o coração... o ser humano tem demasiadas lacunas para elaborar escolhas de forma tão comum, tão evidente, tão linear, superficial...
Afinal, do que trata a amizade? Em que consiste? Quais os seus pontos fracos? Tem pontos fracos? Está dependente de quê?
Penso em todas as pessoas que me rodeiam e vejo que há algumas com as quais eu me dou melhor, mas que nem por isso eu considero meus grandes amigos; não por me elogiarem, por não me chatearem, por não me darem um "não", ou dois, ou três... simplesmente, dou-me melhor com essas pessoas do que com aqueles que eu considero meus grandes, grandes, amigos.
E como é que eu fiz esta selecção, dos grandes, grandes, amigos? Na minha opinião, assim como toda a nossa obra é inacta, as amizades também o são, visto serem nossa obra, visto fazerem parte da nossa vida. Ou seja, não existe processo de selecção consciente, racional. Como tal, as grandes, grandes, amizades criam-se e mantêm-se segundo uma base extremamente genuína, daí o facto de haver muitas mais desavenças com aqueles que eu considero meus grandes, grandes, amigos... porque somos absolutamente genuínos uns com os outros, damo-nos a nossa exclusividade, singularidade... e é isso que, por vezes, nos pode levar à destruição... o facto de nos darmos em pleno, poderemos acabar por perder a nossa identidade, a nossa individualidade.
Os amigos genuínos são difíceis de distinguir ( a escolha é automática e inconsciente, fazêmo-la muito antes de nos apercebermos disso ), sendo que quando há divergência, não sobra espaço para dúvidas...

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Heranças perigosas


Em certos casos, é um perigo munir uma criança de boa educação, de inteligência, de personalidade vincada... ao crescer, todas estas características induzidas parentalmente, vão ganhando proporções astronómicas... até que, a certo dia, tudo isso se pode virar contra "os mestres"... quando a sageza acomulada e transformada se torna maior do que a sageza incutida. O aluno torna-se superior ao seu mestre, e este poderá tornar-se um ser minúsculo, amedrontado, como um cão ferido... boa educação e inteligência são duas características explosivas, que podem despoletar uma guerra... benéfica, ou maléfica, dependendo da índole de cada portador.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

O vácuo do desespero...


De facto, não há dúvida de que, realmente, não há necessidade absolutamente nenhuma de desesperar por algo... esta é apenas uma forma extravagante de libertar a mente de tudo o que está a mais... e tudo o que é extravagante é um luxo, não uma necessidade. Portanto, não sendo necessidade, não representa problema...

Improviso vs. Espontaneidade


Nada é improvisado, sendo que tudo sim é espontaneo. Dicotómicamente, o improviso é o nosso raciocínio mais convictamente elaborado.
Mesmo o nosso mais espontaneamente desabafado "Ai..." obedece a uma enorme cadeia de pensamentos, factos, causas, efeitos... raciocínio. Como será possível então, falar em improviso?! Se tudo o que vemos, da forma como vemos, tudo o que cheiramos, da forma como cheiramos, tudo o que tocamos, da forma como tocamos, é resultado de uma série de fases de desenvolvimento cognitivo, designadas de "Assimilação, Adaptação, Acomodação"?!
O que será improvisado, então?! O desconhecido, numa lógica de input. O nosso output será sempre inconscientemente elaborado, numa teia de raciocínio por vezes tão vaga, tão desfocada, mas mesmo assim... espontaneamente divulgado.
Porque há pensamentos de ouro, que nunca revelamos ao mundo... pelo menos em forma de improviso...