domingo, 9 de setembro de 2007

Amizade obscura...


Há amigos que não se escolhem, nem com os olhos, nem com o dedo indicador, nem com a cabeça, nem sequer com o coração... o ser humano tem demasiadas lacunas para elaborar escolhas de forma tão comum, tão evidente, tão linear, superficial...
Afinal, do que trata a amizade? Em que consiste? Quais os seus pontos fracos? Tem pontos fracos? Está dependente de quê?
Penso em todas as pessoas que me rodeiam e vejo que há algumas com as quais eu me dou melhor, mas que nem por isso eu considero meus grandes amigos; não por me elogiarem, por não me chatearem, por não me darem um "não", ou dois, ou três... simplesmente, dou-me melhor com essas pessoas do que com aqueles que eu considero meus grandes, grandes, amigos.
E como é que eu fiz esta selecção, dos grandes, grandes, amigos? Na minha opinião, assim como toda a nossa obra é inacta, as amizades também o são, visto serem nossa obra, visto fazerem parte da nossa vida. Ou seja, não existe processo de selecção consciente, racional. Como tal, as grandes, grandes, amizades criam-se e mantêm-se segundo uma base extremamente genuína, daí o facto de haver muitas mais desavenças com aqueles que eu considero meus grandes, grandes, amigos... porque somos absolutamente genuínos uns com os outros, damo-nos a nossa exclusividade, singularidade... e é isso que, por vezes, nos pode levar à destruição... o facto de nos darmos em pleno, poderemos acabar por perder a nossa identidade, a nossa individualidade.
Os amigos genuínos são difíceis de distinguir ( a escolha é automática e inconsciente, fazêmo-la muito antes de nos apercebermos disso ), sendo que quando há divergência, não sobra espaço para dúvidas...

1 comentário:

Anónimo disse...

Iria comentar este texto, mas não me atrevo... sou demasiado suspeito para dizer. São escolhas que se tomam com o coração. Talvez por isso, a maior lacuna seja a de que por vezes enganamo-nos nas pessoas... e amizade, que alguém defeniu um dia como sendo um cupido sem asas, envolve um relacionamento de muita entrega e dedicação, que exige cuidados e muito carinho, onde se dá, se toma e se partilha...
Para quem não ia comentar, até que não deixou um texto pequeno, mas enfim. Era mesmo só para dizer que quanto a ti, não me enganei, nem nunca tive dúvidas... Onde é que eu já ouvi isto?